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Câncer de mama
Por 7 de Outubro de 2016

O Câncer de mama, assim como a maioria dos cânceres, faz parte de um grupo de doenças conhecidas como multifatoriais. Elas têm aspectos etiológicos múltiplos que interagem de formas variadas e ainda não totalmente conhecidas para produzi-las. Na maioria dos casos, fatores genéticos e ambientais trabalham juntos para criar as condições que levam ao seu aparecimento.
A obesidade, o sedentarismo, dieta rica em gordura, consumo excessivo de álcool, tabagismo, exposição a radiações e características fisiológicas como a nuliparidade (mulher que não engravidou), menarca precoce (primeira menstruação ocorrida mais cedo que o comum), menopausa tardia (última menstruação ocorrida tardiamente), características hereditárias representadas pelos antecedentes familiares de 1º grau (mãe, irmã ou filha) com câncer de mama, são situações que implicam em um risco relativamente aumentado.
É a neoplasia maligna mais frequente no sexo feminino e a maior causa de mortalidade na mulher brasileira, representando cerca de 20% dos casos novos de câncer incidente a cada ano. A maioria dos casos acontece entre 45 a 60 anos com extremos entre 18 e 90. Ultimamente vem sendo realizada uma tentativa preventiva com uso de exames subsidiários como mamografia e ultrassonografia em mulheres assintomáticas a partir dos 40 anos com o objetivo de diagnóstico precoce evitando assim a descoberta em estágios avançados como acontece em mais de 50% dos casos, no Brasil, aumentando assim as chances de cura ou de maior sobrevida e a mutilação decorrente do tratamento.
É importante que o diagnóstico seja precoce, sendo este atingido através da anamnese (história clínica da paciente), exame físico (realizado pelo profissional da saúde) e o autoexame (realizado pela própria paciente treinada) e exames complementares (mamografia, ultrassonografia mamária, ressonância nuclear magnética, punções/biópsias).
Estes exames são realizados de acordo com a particularidade de cada caso. A mamografia é um exame de rastreamento muito importante que deve ser realizado anualmente a partir dos 40 anos de idade para detectar nódulos impalpáveis (menor que 1 cm). Quando existe histórico familiar de 1º grau de câncer de mama ou outros fatores de risco associados, este exame pode ser antecipado.
Os fatores de risco aumentam quando diante de história familiar positiva existem mutações nos genes BRCA1, BRCA2 e p53 aumentando as chances de desenvolver o câncer durante a vida. Esta constatação é feita através de uma avaliação genética gerando um aconselhamento quanto à predisposição genética e a formulação de estratégias mais rigorosas de prevenção.
O câncer de mama se inicia como uma doença localizada que precoce ou tardiamente acomete estruturas próximas ao tumor através da disseminação linfática bem como metástases à distância (via sanguínea) para órgãos como: fígado, ossos, cérebro, pulmões e ovários. A doença metastática é considerada incurável e a sobrevida se torna individualizada para cada caso, não se podendo determinar de forma abrangente.
Todos os esforços devem ser feitos para que o diagnóstico seja precoce e a única forma é a prevenção através de campanhas informativas e incentivadoras fazendo com que as mulheres se submetam aos exames regularmente.
Além disso, devemos ressaltara responsabilidade do Estado na garantia de condições estruturais facilitadoras para que todas as mulheres tenham acesso à realização dos exames de forma menos burocrática.
Para o Brasil são esperados em 2016, 57.690 casos de câncer de mama com um risco estimado de 56.20 casos/100.000 mulheres, assim distribuído por região: Sul (74.30-100.000), Sudeste (68.08/10.000); Centro-Oeste (55.87/100.000) e Norte (22.26/100.000).
Em todas as regiões o câncer de mama é o mais frequente entre os da esfera ginecológica, exceto na região Norte que é superado pelo do Colo Uterino.
Josias Álvares da Nóbrega Neto – Médico Ginecologista/Obstetra